ENDOFÍTICOS COMO VETORES DE GENES DE RESISTÊNCIA
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Duas estratégias potenciais se aplicam ao uso de microrganismos
endofíticos como vetores de genes de resistência. A primeira delas
refere-se ao uso direto de bactérias que apresentam atividade
entomopatogenia natural, porém os estudos nesta área ainda são
praticamente nulos. A outra estratégia refere-se ao uso desses
microrganismos como hospedeiros para expressarem genes oriundos
de outros microrganismos do solo, ou mesmo genes sintéticos visando
o controle biológico de pragas. Neste contexto, os estudos com
os microrganismos geneticamente modificados estão mais avançados
principalmente em relação às bactérias, embora o uso de microrganismos
naturalmente benéficos sejam também desejáveis no atual cenário
mundial.
Bacillus thuringiensis representa o principal agente de
controle biológico, sendo responsável por 95% do mercado mundial
de biopesticidas. A sua atividade entomopatogênica está relacionada
à produção de corpos de inclusão cristalinos, compostos por uma
ou mais proteínas conhecidas como d-endotoxinas, onde cada classe
é codificada por um único gene cry.
Os primeiros microrganismos, de outros gêneros, a terem o gene
cry inserido no genoma foram as bactérias associadas à rizosfera
de milho, visando o controle de insetos da ordem Lepidóptera (Obukowicz
et al, 1986). Devido à proximidade filogenética, outras espécies
de Bacillus spp. tiveram o gene da d-endotoxinas introduzido no
genoma (Selinger et al., 1998). Apesar da facilidade de obtenção
de transconjugantes de P.fluorescens (Obukowicz et al.,
1986; Herrera et al., 1994), A. radiobacter (Obukowicz
et al., 1986) e B. pumilus (Selinger et al., 1998) como
vetores de expressão de genes cry, a seleção das bactérias colonizadoras
de rizosfera a serem utilizadas é de extrema importância, pois
sua competitividade pode determinar o sucesso dos experimentos
de campo.
Experimentos de competitividade realizados entre um transconjugante
de P.fluorescens, contendo o gene cry4Ba, e a estirpe parental,
revelaram que ambas as estirpes apresentaram comportamento similar,
tanto no solo como na rizosfera (Araújo et al., 1996). Os problemas
de competitividade dos MGMs no solo podem ser minimizados através
da utilização de bactérias endofíticas como vetores de expressão
de genes heterólogos. Esta estratégia permite também o controle
de pragas que se alojam nos tecidos internos das plantas.
Dentro da linha de pesquisa de bactérias transgênicas vem sendo
realizado estudos para a transferência e expressão do gene cry
de Bacillus thuringiensis para as bactérias Acetobacter
diazotrophicus, Herbaspirilum rubrisubalbicans e H.
seropedicae que colonizam os tecidos das raízes e parte aérea
da cana-de-açúcar (Baldani et al., 1997). Estas bactérias são
vetores com grande potencial para o controle de insetos, pois
contribuem para a nutrição da planta pela capacidade das mesmas
de fixar o nitrogênio atmosférico além de poderem atuar no controle
de pragas.
Pragas como o Migdolus fryanus, um coleóptero de ocorrência
restrita à América do Sul e que foi responsável por prezuízos
na ordem de U$45 milhões de dólares em 1992 (Bento et al., 1995)
e Diatraea saccharalis, um lepidóptero que também tem causado
grandes prezuízos à lavoura canavieira (Pracetti et al., 1988),
são exemplos de insetos de difícil controle e que podem ter sua
população diminuída pelo uso de bactérias endofíticas transgênicas.
Os estudos conduzidos até o momento utilizaram a estratégia de
controle dos genes cry através do uso de promotores associados
a fixação biológica de nitrogênio (FNB) ou a rizosfera.
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