RELAÇÃO
PLANTA ENDÓFITOS: ASPECTOS ECOLÓGICOS E FIXAÇÃO BIOLÓGICA
DE NITROGÊNIO
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Na simbiose inter e intracelular,
entre microrganismos fixadores de nitrogênio e plantas, o desenvolvimento
de uma forma endofítica de vida para o microrganismo simbionte
é essencial. Tal desenvolvimento inclui uma série de etapas na
interação planta-bactéria. Esta seqüência de etapas somente se
desenvolve se existir uma relação homóloga específica entre as
plantas hospedeiras e as bactérias. Isto sugere métodos apropriados
visando o melhoramento genético vegetal, uma vez que, há grandes
diferenças entre os genótipos das plantas e essas tendem a ser
"menores" nos genótipos dos microrganismos, com relação à fixação
biológica de nitrogênio.
Vale ressaltar aqui, a existência de interações específicas, entre
os microrganismos endofíticos e plantas hospedeiras, as quais
se refletem principalmente a nível fisiológico.
Estudos sobre atividade destes genes tanto da bactéria como da
planta levaram ao descobrimento de flavonóides nas plantas, os
quais afetam o sistema regulatório para a transcrição de diferentes
genes que desenvolvem algum papel durante a infecção e início
da nodulação. A forma endofítica de vida é essencial para a boa
fixação de N2 e uso do N-fixado, para a nutrição das plantas.
O endofítico deve ser protegido das diferentes enzimas das células
hospedeiras, tais como proteases. Pode-se conceber que algumas
enzimas afetem diretamente os endofíticos. Todos estes fatores
juntos sustentam a atividade de bacteróides endofíticos ou formas
endofíticas de outros microsimbiontes, mas também influenciam
sua habilidade e longevidade, do que a eficiência do sistema de
fixação de N2, para nutrição da planta (Quispel, 1988).
Um estudo sobre a simbiose entre Frankia e Alnus incana,
foi realizado por Weber et al. (1989), onde avaliaram a eficiência
de estirpes nativas de Frankia na fixação de N2 .
Estudos relacionados com FBN (fixação biológica de nitrogênio)
têm sido realizados também na busca de solução para problemas
tais como aumento da eficiência de nodulação em baixas pressões
de O2 em milho (Alexander & Zuberer, 1989), limitação da infestação
de nódulos de raízes de Cajanus cajan por insetos (Rivellia
angulata: DIPTERA), por meio de transformação genética de
genes de Bacillus thuringiensis subsp. israelensis,
expressados nos nódulos das raízes inoculadas com espécies de
Bradyrhizobium transformadas (Nambiar et al. ,1990).
De acordo com Döbereiner (1992a), a associação de Azospirillum
com rizosfera de cereais e gramíneas tem sido uma forma alternativa
com relação a simbiose entre Rhizobium e leguminosas. Entretanto,
a descoberta de duas espécies de endofíticos diazotróficos em
partes aéreas de cereais e outras plantas podem levar a mudanças
no conceito das associações diazotróficas. A identificação de
várias espécies de Azospirillum, formando associação com
plantas não-leguminosas, expandiu as possibilidades de fixação
biológica de nitrogênio em cereais e gramíneas. Estes microrganismos
são considerados do solo, assim como Herbaspirillum seropedicae
isolado inicialmente de raiz e caule de vários cereais. Ambas
espécies apresentam crescimento aerotáctil em meio semi-sólido
sem N e alta atividade da nitrogenase, assim como fraca patogenicidade
para plantas (Döbereiner), 1992a).
Um outro diazotrófico, Acetobacter diazotrophicus é também
considerado um endófito de plantas de cana-de-açúcar, sendo encontrado
no colmo e folhas deste vegetal. Esta bactéria não foi isolada
do solo e ocorre predominantemente em plantas propagadas vegetativamente.
Ela foi também isolada de esporos de fungos micorrízicos arbusculares
(VAM), e pode ser introduzida em cana, sorgo e batata-doce, via
infecção com VAM, usando-se seus esporos. Portanto a possibilidade
de infectar plântulas de cana-de-açúcar com diazotróficos endofíticos
via fungos micorrízicos arbusculares (MVA) representa uma oportunidade
ímpar de introdução de bactérias selecionadas ou melhoradas geneticamente
nas plantas que então se tornariam propagáveis juntamente com
os colmos (Döbereiner, 1992b).
Estas descobertas recentes abrem formas inteiramente novas de
expansão da fixação biológica de nitrogênio para cereais e gramíneas.
Isto já é possível, como demonstram estudos recentes de balanço
de 15N e N, em cana-de- açúcar, onde mais de 150 Kg N.ha-1. ano-1
foram obtidos através da fixação biológica de nitrogênio (Döbereiner,1992b).
Com isso, a extensão da fixação biológica de nitrogênio para cereais
e gramíneas tem sido a principal linha de pesquisa com organismos
endofíticos nas duas últimas décadas.
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