UTILIZAÇÃO DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS NO CONTROLE BIOLÓGICO DE DOENÇAS
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Bactérias endofíticas
estão presentes em todas as espécies vegetais, permanecendo em
estado de latência ou colonizando ativamente os tecidos de forma
local ou sistêmica. Por ocuparem um nicho ecológico semelhante
àqueles ocupados por patógenos as bactérias endofíticas apresentam
grande potencial para o controle biológico (Hallmann et al., 1997).
Este controle pode ser resultante de diversos mecanismos: competição
por espaço e nutrientes na planta hospedeira; produção de compostos
antimicrobianos (Pleban et al., 1997); indução de resistência
sistêmica (M'piga et al., 1997; Benhamou et al., 1998; Duijff
et al., 1997).
Dentre os gêneros mais estudados como agentes de controle biológico
estão Bacillus e Pseudomonas. Entretanto, um grande
número de bactérias apresentam antagonismo contra vários tipos
de fungos e bactérias patogênicas. Em batata (Solanum tuberosum)
e trevo vermelho (Trifolium pratense) foram isoladas 25
espécies de bactérias endofíticas, de 18 gêneros, das quais 74%
apresentaram in vitro antibiose ao fungo patogênico Rhizoctonia
solani (Sturz et al.; 1998). Em arroz, foram isoladas bactérias
endofíticas que apresentaram forte atividade antifúngica contra
R. solani, Pythium myriotylum, Guamannomyces
graminis e Heterobasidium annosum (Mukhopadhyay et
al., 1996).
Com o auxílio da engenharia genética, novas formas de controle
biológico vem sendo desenvolvidas a partir de bactérias endofíticas.
A introdução de genes exógenos nestas bactérias possibilita a
aquisição de novas características utilizadas no controle de doenças
e pragas. A bactéria Clavibacter xyli subsp. cynodontis
é um endófito capaz de colonizar o xilema de várias espécies vegetais.
Esta bactéria foi modificada para expressar o gene cryA(c), de
Bacillus thuringiensis, que codifica uma proteína com atividade
inseticida contra a broca do colmo de milho Ostrinia nubilalis
(Fahey et al., 1991; Lampel et al., 1994). O gene cryA(c) foi
inserido num vetor suicida que não se replica em Clavibacter
xyli subsp. cynodontis. Um fragmento genômico de Clavibacter
xyli subsp. cynodontis foi utilizado na construção
para induzir recombinação do vetor com o cromossomo da bactéria.
Os transformantes resultantes apresentaram grande estabilidade
do gene inserido no cromossomo bacteriano.
As linhagens transformantes que secretavam de forma estável a
proteína foram então inoculadas em sementes e plântulas de milho
e as plantas resultantes mostraram em ensaios de campo um grande
nível de proteção contra Ostrinia nubilalis (Tomasino et
al., 1995). Outro trabalho com C. xyli subsp cynodontis
utilizou vetores integrativo e replicativo para expressar e secretar
uma endoglucanase de Clostridium thermocellum para o controle
biológico de fungos. Embora a secreção enzimática tenha sido 23%
superior nos transformantes replicativos, dado ao maior número
de cópias do gene da endoglucanase, apenas os transformantes integrativos,
com uma cópia mostraram estabilidade in vitro e no xilema
de milho, com detecção da secreção da enzima in planta (Haapalainen
et al., 1998). Para a integração dos vetores foi utilizado sequências
de inserção obtidas de C. xyli subsp cynodontis.
O vetor autoreplicativo foi construído a partir de um plasmídio
promíscuo, capaz de replicar em C. xyli subsp cynodontis.
Uma alternativa na construção de vetores de expressão estáveis
e que se mantenham em maior número de cópias nos transformantes
seria a utilização de plasmídios nativos, obtidos das próprias
bactérias endofíticas (Uratani et al., 1995).
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