TEXTO
INTEGRAL
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Introdução:
As interações entre as plantas
e microrganismos já são conhecidas há muito tempo. Entretanto,
com exceção da associação de plantas com fungos micorrízicos diazotróficos
da rizosfera, acreditava-se que estas interações levavam à formação
de lesões nos tecidos vegetais. Mais recentemente, vem sendo registrada
a presença de microrganismos no interior de tecidos vegetais sadios,
abrindo novas perspectivas para o estudo da interação planta/microrganismo.
Microrganismos endofíticos, geralmente fungos e bactérias, são
combinações de microrganismos e plantas que vivem sistematicamente
no interior das plantas, sem causar aparentemente dano a seus
hospedeiros. São distintos dos microrganismos epifíticos, que
vivem na superfície dos órgãos e tecidos vegetais. Microrganismos
endofíticos também podem ser encontrados não apenas nas partes
aéreas dos vegetais, mas inclusive em raízes, que são, aliás uma
das principais portas de entrada. A distinção, no caso, é feita
apenas para não incluir as bactérias fixadoras de nitrogênio entre
os endófitos que vivem em simbiose com as plantas formando nódulos
e também os fungos micorrízicos. Através de análises ecológicas
de uma gama de espécies hospedeiras, fica aparente que fungos
endofíticos compreendem um nicho e complexo ecológico distinto
de parasitas obrigatórios e saprófitas.
Várias espécies de fungos endofíticos são conhecidos por serem
taxonomicamente relacionados a patógenos virulentos dos mesmos
hospedeiros relacionados e podem refletir recente especiação.
Em pinheiros, o endófito Lophodermium pinastri e L.
conigenum pertencem ao mesmo gênero do patógeno L. seditiossum.
Rhabdocline weirii e R. pseudotsugae são taxonomicamente
relacionados a R. parkieri que é um endófito de Douglas-fir.
O anamorfo R. parkieri, Meria é morfologicamente
idêntico e, provavelmente, um parente próximo de Meria laricis,
um patógeno de Larix spp.
Apesar de devidamente comprovada a existência da microbiota endofítica,
muitas pesquisas ainda deverão ser feitas a respeito de aspectos
ecológicos, genéticos e fisiológicos dessa interação. Antes disso,
é interessante se conhecer a diversidade desses organismos, sua
presença, freqüência e funções. Existe uma série de razões para
que se aprofundem os estudos com endofíticos. Primeiro, a falta
de informações para elucidar a base biológica dessas interações.
Segundo, porque os endofíticos são vantajosos, pois muitos benefìcios
para a planta têm sido atribuído à presença deles:
a) vários endofíticos são
capazes de produzir antibióticos e outros metabólicos secundários
de interesse farmacológico;
b) podem servir como bioindicadores de vitalidade (Helander &
Rantio-Lehtimaki, 1990);
c) têm sido usados como agentes de controle biológico de pragas
e doenças;
d) têm sido usados como bioherbicidas;
e) podem ser usados na biorremediação de solos contaminados com
poluentes e
f) são usados como vetores para introdução de genes em plantas
hospedeiras.
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