Site oficial do Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Notícias, informações, estatísticas, Delegacias Federais e muito mais...

Início - Embrapa Meio Ambiente

Poder Executivo/Presidência da República - Poder Legislativo - Poder Judiciário. Informações sobre o Brasil

   

Elaboração das normas de produção integrada de manga e uva

   
No início de 2001 foram iniciadas as atividades para elaboração das normas de produção integrada no Brasil. Assim, a coordenação do projeto de produção integrada de manga e uva, assim como alguns membros da equipe, passaram a fazer parte desse comitê responsável pela elaboração das normas. Nela, devem constar padrões para as ações relacionadas às seguintes atividades:

Variedades da cultura: Um dos pré-requisitos necessários à certificação de qualidade, por meio do manejo da Produção Integrada de Fruteiras (PIF), é o uso de variedades resistentes a pragas e doenças que possibilitem a redução significativa de agroquímicos. Essas variedades devem ser escolhidas de forma a responderem mais adequadamente às características ambientais da região. As mudas para a formação de novos pomares devem ser certificadas ou possuir atestado de qualidade similar. As normas devem indicar as variedades mais adequadas.

Nutrição de plantas e fertilidade do solo: Entre as ações de acompanhamento estão o levantamento das condições da fertilidade natural dos solos e das plantas, por meio de análises foliares da cultura em exploração por parcela e por Unidade de Produção. Em seguida é determinado o balanço nutricional da cultura, objetivando a obtenção de ciclos de nutrientes equilibrados e a identificação e correção de pontos críticos. A melhoria da fertilidade natural do solo e sua conservação são fundamentais para a preservação da qualidade ambiental e da diversidade do meio ambiente, componentes essenciais deste sistema de produção. Esta estratégia permite benefícios econômicos e ambientais significativos, já que a Produção Integrada de Fruteiras (PIF), propostos para fins comparativos com os Sistemas de Produção Tradicionais em Uso (SIPs), levam em sua estrutura estas diferenciações para efeitos metodológicos comparativos. As normas de produção integrada devem indicar as condições ideais para nutrição de plantas e para a fertilidade do solo.

Manejo e conservação dos solos: 0 solo é o recurso natural mais usado e negligenciado pelos produtores rurais. 0 correto manejo é um elemento essencial da PIF. As propriedades fisico-químicos e biológicas e as perdas decorrentes do uso inadequado na exploração agrícola são quantificadas e qualificadas no processo da PIF, visando à tomada de decisão dos produtores pertencentes ao agronegócio. A compreensão de todos os aspectos envolvendo este recurso é parte essencial da criação do planejamento da PIF. As normas de PIF devem orientar o produtor no que se refere a forma correta de manejo e conservação dos solos, assim como os procedimentos restritivos para essas atividades.

Manejo da água de irrigação: O estabelecimento de procedimentos de manejo da água de irrigação levando em consideração as características ambientais da região também é fundamental na PIF. Assim, as normas de PIF devem indicá-los no que se refere a freqüência, uso dos sistemas mais indicados, lâminas de água, etc. As orientações e procedimentos de sanidade ambiental relativos as atividades de fertirrigação também devem estar contemplados nas normas.

Monitoramento e auditagem: 0 sistema de monitoramento e auditagem da produção integrada foi desenvolvido para garantir uma produção de alimentos no campo seguros à saúde dos consumidores e do ambiente e na qualidade do produto oferecido ao mercado consumidor. A base da certificação de qualidade dos produtos agrícolas está no registro e na rastreabilidade do processo produtivo. Nesse sentido é realizado o acompanhamento (monitoramento) dos itinerários técnicos por parcela de produção, com registros semanais das atividades agrícolas no campo. Os parâmetros relacionados ao tempo são coletados remotamente a cada hora, na área de cobertura das Estações Edafoclimáticas, no caso especifico, dimensionada para cobrir a região de estudo. O registro do processo produtivo, por meio de cadernetas de campo eletrônicas, é implementado no âmbito de cada parcela de exploração agrícola, por Unidade de Produção. As informações registradas são digitadas e armazenadas nos computadores em banco de dados elaborados especificamente para atender a necessidade do agronegócio. As normas devem especificar os procedimentos relativos ao monitoramento supra citado. As auditorias são realizadas esporadicamente por empresas certificadoras. Os auditores acompanham os registros das cadernetas de campo, que devem sempre estar na propriedade e serem apresentadas sempre que solicitadas pelos auditores. Através desses registros e dos acompanhamentos realizados no local, os auditores são capazes de identificar inconsistências com os padrões estabelecidos nas normas de produção integrada e, assim, descredenciar ou dar continuidade ao uso da marca. A auditoria é feita somente após as normas terem sido definidas, pois nela também devem constar os procedimentos e a periodicidade dessa atividade.

Manejo da unidade de produção com base no sistema de gestão ambiental: A Embrapa Meio Ambiente introduziu este componente no sistema PIF, visando apoiar a indicação de empresas agrícolas no recebimento de certificados ISO 14001, por parte de empresas certificadoras nacionais ou internacionais. 0 manejo da unidade de produção com base no sistema de gestão ambiental, visando à certificação de qualidade, requer a avaliação georreferenciada do que já existe e o monitoramento e registro de seu processo produtivo. Este fato comprova o efeito não danoso ao meio ambiente e a manutenção de um sistema de gestão ambiental das atividades produtivas futuras.

Uso de boas práticas agrícolas: Ênfase é dada ao uso de práticas agrícolas conservadoras dos recursos naturais e minimizadoras de impactos ambientais negativos, principalmente em função do manejo inadequado das tecnologias agrícolas.

Manejo Integrado de Pragas, doenças e ervas daninhas: A Produção Integrada tem sua estrutura principal apoiada no MIP conforme orientado pela Organização Internacional pela Luta Biológica (OILB). Entretanto, a identificação de restrições na prática do controle integrado de pragas, doenças e ervas daninhas nas atividades de pesquisa dentro da OILB, mostrou recentemente a necessidade de considerar em conjunto todas as atividades agrícolas relevantes, e inclusão de outras áreas de conhecimento como, por exemplo, as atividades de monitoramento remoto da qualidade ambiental. Assim, esta atividade requer a integração de controle biológico, controle químico e controle cultural estabelecidas nas normas. Nelas os procedimentos relativos a cada uma dessas formas de controle devem estar claramente definidos.

Aplicação de agrotóxicos: Apesar dessa atividade ser parte integrante das orientações do MIP (no que se refere ao controle químico), o uso racional de agrotóxico visando a melhoria da qualidade ambiental é preponderante na PIF e portanto será melhor discorrido. A principal barreira fitossanitária restritiva a entrada de produtos nos mercados internacionais é o Limite Máximo de Resíduos (LMR) de agrotóxicos aplicados na cadeia produtiva da fruteira. A orientação no uso correto dos agrotóxicos aplicados deve ser realizada em função da avaliação de diversas alternativas tecnológicas e do manejo apropriado de sistemas de mensurações in loco. Através dessa atividade é possível reduzir o uso de agrotóxicos e assegurar que os produtos sejam produzidos dentro dos Limites Máximos de Resíduos permitidos pelos mercados mais exigentes. Isso será alcançado a longo prazo, através de processo de conscientização dos produtores para essa necessidade. A Embrapa Meio Ambiente em parceria com a ANDEF elaborou um manual que traz informações sobre cuidados no manuseio e uso de agrotóxicos, apresentando técnicas adequadas de aplicação, com vistas à redução de perdas e minimização da contaminação ambiental. A metodologia referente a este componente, compreende a realização de estudos econômicos comparativos, entre os SIPs tradicionais e os PIF. Também é necessário saber os produtos aplicados na região para conhecer suas características em termos de toxicidade e persistência no ambiente, além de sua situação em termos de registro. Esse levantamento também possibilita identificar os Limites Máximos de Resíduos (LMR) dos produtos para os diferentes mercados, assim como identificar os produtos autorizados para serem aplicados nas pragas e doenças encontradas na região. As normas devem indicar o uso dos princípios ativos menos agressivos ao meio ambiente e que garantam um melhor controle a um custo acessível ao produtor.


P2001 
Copyright © 1997 - 2001 Embrapa Meio Ambiente. Todos direitos reservados. Nota Legal.