Apresentação |
Sendo a fruticultura de qualidade uma atividade de importância na balança comercial brasileira, e tendo em vista as dificuldades que os produtores vêm enfrentando, com os baixos preços alcançados pela venda do produto e dificuldades associadas às barreiras fitossanitárias impostas aos produtos nacionais no exterior, a retomada de crescimento só será possível através da utilização de técnicas que contribuam à comercialização do produto dentro dos padrões já adotados e reconhecidos nesses mercados. Nesse sentido, todas as ações que contribuam para incrementar a qualidade e reduzir os custos de produção são fortes aliadas aos produtores nacionais. Isso inclui o uso otimizado de insumos e fertilizantes, a adoção de medidas que aumentem a eficiência e eficácia de aplicação de agrotóxicos e de medidas preventivas ao aparecimento de pragas e doenças antes que níveis econômicos de danos sejam detectados. Diante do exposto, o Brasil precisa fazer uso de sistemas de exploração agrícolas já adotados por países onde se encontram os mercados mais exigentes, tais como os da União Européia. Esses já se utilizam das técnicas de Produção Integrada, a qual viabiliza os benefícios supra citados, visando, com essas medidas, reduzir os custos de produção. Objetiva também a produção de alimentos de alta qualidade, principalmente mediante o uso de técnicas que levem em consideração os impactos ambientais sobre o sistema solo/água/produção e que possibilitem avaliar a qualidade dos produtos considerando as características físicas, químicas e biológicas dos recursos naturais locais nos processos envolvidos na cadeia produtiva, pós-colheita e comercialização da produção. No Brasil a Produção Integrada (PI) é uma novidade tecnológica, sendo que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) representa 80% da estratégia de implantação desse sistema de produção agrícola. Entretanto, o MIP no país ainda é praticado por poucos necessitando internalizá-lo junto aos produtores, que desconhecem seus benefícios no que se refere a minimização de gastos, uma vez que propõe o uso de técnicas de controle químico, controle biológico e controle cultural para evitar a perda de produção. O processo de implantação da produção integrada no país deve se dar de forma gradativa, com apoio dos diferentes formadores de políticas públicas, tais como os Ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente, da Saúde, da Educação e da Indústria e Comércio. Os conceitos a serem internalizados pelos produtores, em especial no que se refere às boas práticas de manejo fomentadas pelas normas das séries ISO, ainda são relativamente “novos” e, portanto, devem ser trabalhadas ações no sentido de incorporá-los ao setor agropecuário o mais rápido possível, uma vez que a partir de 2003 nenhum produto agrícola sem certificação de qualidade será recebido por países importadores. O Sistema de Acompanhamento da Produção Integrada (SAPI), adotado pela União Européia e por outros países que competem com nossos produtos agropecuários no mercado internacional, propiciam o acompanhamento da cadeia produtiva e da pós-colheita dos produtos agropecuários no contexto ambiental onde se inserem. Assim sendo, possibilitam avaliar se os procedimentos e insumos orientados pela normas de produção integrada estão sendo utilizados pelos produtores. O sistema também deve orientar o produtor quanto as ações a serem tomadas em situações diferenciadas e, assim, subsidiar que procedimentos sejam efetivamente utilizados sempre antecipadamente a situação de riscos ou danos. O SAPI envolve a proposição de várias ferramentas de acompanhamento, armazenamento e recuperação de informação. Apresenta-se a experiência prática das ações de Produção Integrada de Manga e Uva fina de mesa, conduzidas pela Embrapa Meio Ambiente em parceria com a Embrapa Semi-Árido e a VALEXPORT na região do submédio do rio São Francisco, junto aos produtores/exportadores de manga e uva para mercados internacionais, principalmente nos municípios de Juazeiro, Curaçá, Sento Sé e Casa Nova no estado da Bahia e em Petrolina no estado de Pernambuco. Abrange uma área ao redor de 1,5 mil hectares pertencentes a 14 empresas exportadoras de frutas “in natura” de manga e uva fina de mesa. Estima-se um benefício direto ao seu término, somente no submédio do rio São Francisco, de mais de três mil produtores irrigantes, e indiretamente mais de 500 mil pessoas, em relação ao fornecimento de informações sobre o processo de manejo da PIF e sobre qualidade ambiental dos recursos naturais. Menciona-se também os principais problemas levantados quanto ao uso dos agrotóxicos na região, visando subsidiar ações para a disponibilidade de produtos que tornem o nosso produtor mais competitivo no mercado globalizado onde está inserido. Além disso, inicia a formação de uma nova consciência sobre a necessidade de preservar o meio ambiente, visando a melhoria da situação pertinente a segurança alimentar e ao manuseio dos resíduos líquidos e sólidos. Mediante processos de Educação Agroambiental destinadas a gerentes de produção locais, pretende-se a disseminação das técnicas de produção integrada nos mais diferentes seguimentos da cadeia produtiva, do pós-colheita e dos demais agentes envolvidos no processo de comercialização, divulgação e agentes de desenvolvimento de políticas agroindustriais brasileiros. Auxilia também na proposição de políticas de reabilitação dos corpos de água com potencial de contaminação e, agiliza a transferência de novas tecnologias e conhecimentos na área ambiental às comunidades rurais, agências de assistência técnica pública e privada, de desenvolvimento rural e comunidade cientifica. Entre os instrumentos do SAPI propostos no âmbito desse projeto citam-se:
A partir dessas informações será possível disponibilizar também outras informações agronômicas, como o Serviço Automatizado de Alerta de Pragas e de Manejo. Todas as informações levantadas de parcelas no campo, deverão ser trabalhadas de forma integrada para que seja possível a tomada de decisão eficiente para cada cenário agrometeorológico, que demandem ações preventivas ou mitigadoras. Jaguariúna, julho de 2000. Maria Conceição P. Y.Pessoa -
Embrapa Meio Ambiente |
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P2001 |