Embrapa e EBDA realizam seminário com relatos de prática agroecológicas de sucesso, em Irecê, BA | |||
30.8.2012
Segundo a pesquisadora, é difícil definir a pesquisa ação, uma vez que é uma metodologia que se apresenta e se desenvolveu de maneira diferente para diferentes aplicações. É principalmente uma estratégia para o desenvolvimento. Foi considerada um método para diversas aplicações: pesquisa-diagnóstico, pesquisa participante, pesquisa empírica. Visa compreender a situação em que se encontram os produtores (diagnóstico/pesquisa) e a partir da interação com os diferentes atores nos territórios, (produtores, pesquisadores e extensionistas) identificam os obstáculos do processo de transição, buscam soluções e mudanças (ação). A consideração dessas duas dimensões, compreensão e mudanças, é fundamental, orientada no geral para o desenvolvimento social da área escolhida para a intervenção. O que deve ser destacado é que o conhecimento agronômico, ecológico e uma forte sensibilidade para as questões sociais e econômicas são fundamentais (é fundamental) neste tipo de pesquisa - ação. Para Reinaldo, considerando-se a insustentabilidade dos agroecossistemas baseados ainda no modelo da Revolução Verde, o escirtório do município de Ibititá da EBDA, com o apoio dos diretores que priorizam ações agroecológicas na Empresa, desenvolve desde 2007, em parceria com o Centro de Formações dos Agricultores Familiares do Território de Irecê (Centrefertil), um trabalho de assistência técnica e extensão rural (ATER) e capacitação de agricultores em agroecologia nos municípios do Território de Identidade de Irecê. “Vivenciamos todos os problemas e desafios, durante os processos de condução da agricultura de base ecológica junto aos agricultores”, diz Reinaldo. “O objetivo primordial do nosso trabalho é manter o homem do campo em seu lugar de origem, vivendo com dignidade e qualidade de vida, com conseqüente redução do êxodo rural. Para isso é necessário elevar o nível de sustentabilidade, resistência e resiliência dos efeitos externos aos agroecossistemas, aumentar o nível de autonomia dos agricultores e preservar o meio ambiente com o manejo racional dos recursos naturais”. “Nesse processo, não existe um pacote tecnológico e sim um acompanhamento sistemático com o agricultor, pois cada propriedade tem sua realidade, assim como cada comunidade e cada município tem suas particularidades. Quando necessário, adequamos ações de ATER, compatíveis com a demanda da unidade produtiva. O que seguimos à risca são os princípios da Agroecologia que podem ser aplicados em qualquer unidade de produção agropecuária”, enfatiza Reinaldo. “Na verdade, a ATER e a pesquisa são realizadas simultaneamente, pois vivenciamos problemas individualizados em cada propriedade, durante a implantação e acompanhamento da agricultura de base ecológica, na unidade de produção familiar. Ao identificarmos o produtor interessado em realizar a transição agroecológica, em poucos dias se inicia a ATER Agroecológica, com orientações sobre agricultura de base ecológica, valorizando a experiência do agricultor para a construção do conhecimento que será utilizado na prática da agricultura sustentável. Em seguida, o produtor é convidado a participar do curso de agroecologia com uma carga horária de 24 horas/aula. O curso é composto por aulas teóricas, uma excursão a uma propriedade com experiência exitosa e aulas práticas (produção de compostagem, biofertilizantes líquidos e produção de inseticidas naturais)”. Reinaldo destaca que “quando observamos os agricultores acompanhados pela ATER Agroecológica, é visível o avanço no sentido da sustentabilidade. Além disso, a autoestima do agricultor se eleva e o trabalho é realizado com mais prazer, havendo, inclusive, relatos de melhoria de saúde, sem o uso de agroquímicos e com o consumo de alimentos sem resíduos de pesticidas. Neste contexto, há no mínimo, ganhos imateriais para o agricultor”. Além disso, existe também um crescimento da renda monetária familiar, haja vista os recursos naturais que estão sendo utilizados de forma racional (solo, água, biodiversidade) e que a maior parte dos insumos (biofertilizantes e inseticidas naturais) utilizados para produção, são oriundos da propriedade e preparados pelos próprios agricultores. Sendo assim, pode-se constatar um maior nível de autonomia da família e menor custo de produção, com relatos de lucratividade após a comercialização, superiores a 100%. Como exemplo, podemos citar uma família que adotou o modelo de agricultura de base ecológica e cultiva uma área de aproximadamente um hectare. Comercializa sua produção, obtém renda mensal de aproximadamente R$ 3.200,00, vivendo com saúde e dignidade, além de estar construindo sua casa própria. Cristina Tordin Jornalista, MTB 28499 Embrapa Meio Ambiente |
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