Embrapa


Embrapa avalia problemas fitossanitários frente a mudanças climáticas

13.6.2011

Alterações no clima devem modificar a incidência e a severidade de pragas, doenças e plantas daninhas na agricultura brasileira. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no final do seculo XXI, deverá dobrar a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre. Em busca de respostas científicas, a Embrapa coordena, desde 2009, o projeto Impactos das Mudanças Climáticas Globais sobre Problemas Fitossanitários (Climapest). A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Raquel Ghini, lidera uma equipe composta por 134 membros de 37 instituições.
Estufas na Embrapa Meio Ambiente
Foto: Raquel Ghini

A soja está entre as 16 culturas selecionadas para compor o projeto. “Queremos medir a campo os efeitos do aumento CO2 e seu impacto em questões fitossanitárias da soja, assim como os efeitos do aumento da temperatura e da radiação solar”, explica a pesquisadora Clara Beatriz Hoffmman Campo, da Embrapa Soja, membro da equipe. “O desafio é entendermos o comportamento de pragas, doenças e plantas daninhas, nos cenários futuros de mudanças climáticas e desenvolver métodos de manejo e controle adequados”.

De acordo com Clara Beatriz, os microrganismos e as pragas estão entre os organismos que possivelmente serão afetados pelas mudanças climáticas devido às numerosas populações, facilidade de multiplicação e dispersão e o curto tempo entre gerações. “Queremos entender se esse efeito será positivo ou negativo nessas populações”, diz Clara Beatriz. “Na equipe de entomologia, pretendemos avaliar a incidência de insetos pragas e dos de inimigos naturais. Também pretendemos analisar como o aumento do CO2 pode impactar nos metabólicos secundários - substâncias positivas que auxiliam as plantas na defesa a estresses biótico (insetos e patógenos) e abióticos (temperatura, CO2 e etc)”, explica.

Para realizar esta pesquisa na próxima safra de soja, a Embrapa Soja recebeu, em maio, seis estruturas que vão funcionar como estufas de topo aberto. As estufas têm 2 m de diâmetro circundadas por uma mangueira a 40 cm de altura e outra a 80 cm de altura, onde haverá a injeção de dióxido de carbono (CO2) na soja. Na Embrapa Soja, foram instaladas três estufas com liberação de C02, três estufas sem a liberação de CO2 e outras três que funcionarão como testemunhas, representando a condição de campo. E cada parcela recebeu um sensor que fará a transmissão dos dados sem a necessidade de cabeamento.

“Desenvolvemos uma rede de sensores sem fio que arquiva em um computador, minuto a minuto, os resultados do experimento e ainda possibilita a consulta desses dados da sala do cientista”, explica o pesquisador André Torre Neto, da Embrapa Instrumentação Agropecuária.

Segundo ele, as estufas com rede sem fio facilitam a instalação e a manutenção do sistema, assim como a portabilidade das informações. “Também é importante para isolarmos o experimento da rede elétrica e evitarmos problemas com raios, bastante comuns no Brasil”, explica Torre Neto.

Texto: Lebna Landgraf
Jornalista
Embrapa Soja