Embrapa


Projeto da Unido entrega 823 coletores solares a agricultores paulistas

5.6.2008

Cerca de 823 coletores solares serão entregues a produtores de flores paulistas em 11 de junho. O termo de doação será assinado em Holambra, SP, durante a 15ª Hortitec, feira de exposição técnica de horticultura, cultivo protegido e culturas intensivas, a ser realizada de 11 a 13 de junho de 2008.

O coletor solar pode ser usado como alternativa para tratamento de substratos para produção de mudas. Essa técnica foi desenvolvida pela pesquisadora Raquel Ghini da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os coletores desinfestam misturas de solo em viveiros de plantas, a fim de se produzir mudas saudáveis e livres de microrganismos prejudiciais ao seu desenvolvimento.

Foto: Eliana Lima

Também neste dia 28 caldeiras à lenha e injetores de vapor no solo entregues em comodato a produtores de flores de São Paulo pela Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas - Unido em 2006, para eliminação do uso do brometo de metila, serão doados definitivamente aos produtores de Gravatá, PE, Atibaia, Holambra, Ibiúna e Arujá em São Paulo. “Essas regiões foram identificadas como consumidoras de brometo de metila”, diz o diretor do projeto no Brasil, César Mauricio Torres Martinez. Ele enfatiza que todos os agricultores convidados pelo Projeto aceitaram participar e forneceram os documentos necessários.

Injetor de vapor no solo já entregue aos agricultores
Foto: Eliana Lima

Segundo ele, depois desses dois anos de comodato, o produtor que eliminou de vez o uso do brometo com boas práticas de manejo irá ser o dono do equipamento. “A partir dessa doação cada produtor será responsável pela sua manutenção”, explica Martinez.

O objetivo das duas tecnologias é eliminar mais de 165 toneladas de brometo de metila utilizadas em flores e mais de 60 utilizadas em outros cultivos, como o morango, explica o diretor. O cultivo de flores é o segundo principal usuário do agroquímico. O maior usuário era a cultura do fumo, mas alterações no sistema de produção de mudas eliminaram o tratamento com brometo.

De acordo com Martinez, as caldeiras à lenha para produção de vapor são capazes de tratar 100 m² de solo a cada 1 hora. Após dois dias, o solo está pronto para novo plantio. Conforme o Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal, “cada átomo de bromo do brometo de metila que alcança a estratosfera destrói 60 vezes mais ozônio do que os átomos de cloro dos CFCs (clorofluorcarbono). Daí a importância da erradicação da utilização deste gás na agricultura”, salienta o diretor.
Caldeira de vapor no solo já entregue aos agricultores
Foto: Eliana Lima

Cada coletor trata 120 litros de substrato por dia, com uso de energia solar. “A seleção de métodos alternativos de tratamento desenvolvidos na região facilita a aceitação por parte dos agricultores, garante o sucesso do projeto, além de valorizar a pesquisa científica”, completa Raquel.

Brometo de metila (BM)

O BM é um gás que age como inseticida e fumigante, muito utilizado na desinfestação de solo e substrato, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. O produto mata os insetos, os patógenos (nematóides, fungos e bactérias), plantas invasoras e qualquer outro ser vivo presente no solo e na zona de penetração do gás, seja ele benéfico ou maléfico à agricultura.

Saiba mais sobre o coletor solar

É um equipamento de funcionamento simples e construção barata, que tem por finalidade acabar com os fungos, bactérias e algumas plantas invasoras dos solos utilizados para o plantio de mudas produzidas em recipientes como sacos plásticos, vasos ou bandejas, principalmente em viveiros. É totalmente seguro aos usuários e não contamina quimicamente os solos. Trata-se de uma caixa de madeira, com tubos metálicos, que podem ser de ferro galvanizado (calhas de residências), alumínio (tubos de irrigação) ou cobre, onde o solo é colocado sob uma cobertura de plástico transparente, que permite a entrada dos raios solares.
Agricultores conhecem o coletor solar da Embrapa
Foto: Eliana Lima

Segundo Raquel, o mecanismo de funcionamento é o mesmo de um aparelho de energia solar utilizado para aquecer água em residências. O sol bate nos tubos, aquece a terra e os fungos são eliminados pelo calor. "Normalmente, em um dia de sol, a temperatura dentro dos tubos chega a 70 graus, o que é suficiente para matar os fungos mais comuns, pois são todos sensíveis ao calor.

A Circular Técnica Coletor solar para desinfestação de substratos para produção de mudas sadias, de autoria de Raquel e editada pela Embrapa Meio Ambiente pode ser encontrada para download gratuito no site da Embrapa Meio Ambiente.

Mais informações sobre o assunto

Cristina Tordin, MTb 28.499
Eliana Lima, MTb 22.047
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