Embrapa


Embrapa recomenda cautela com pinhão manso

27.6.2007

A Assembléia Legislativa de São Paulo recebe especialistas de vários setores nesta quinta-feira (28/6) para o seminário “A utilização do pinhão manso no Programa de Biodiesel”. Representará a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Alfredo José Barreto Luiz.
Arquivo Embrapa Algodão

O evento será realizado no auditório Franco Montoro, com capacidade para mais de 300 pessoas, das 10 às 13h. A entrada é gratuita. “Essa planta é interessante, embora seja pouco conhecida da maioria das pessoas. Ela oferece um óleo de ótima qualidade e ainda pode se transformar em um instrumento de inserção social devido à facilidade para cultivá-la”, destaca o deputado estadual Sebastião Almeida, idealizador do seminário. “Uma planta com essas características pode dar outra dimensão aos que lutam por maior inclusão social”, completa. “Não podemos desprezar a força que a planta pode exercer sobre os produtores familiares, ao gerar um impacto positivo na geração de emprego e renda no campo.”

No entanto, pesquisadores de seis Unidades de Pesquisa da Embrapa (Algodão; Cerrados; Milho e Sorgo; Agropecuária Oeste; Soja e Semi-Árido) e também da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) recomendam cautela na produção do pinhão manso Eles alertam principalmente para a falta de informação técnico-científica confiável sobre a Jatropha curcas. De acordo com eles, uma intensa divulgação está sendo feita sobre essa cultura, porém sem ter um mínimo de conhecimento sobre seu cultivo.

O folder técnico “Pinhão Manso – recomendação técnica sobre o plantio no Brasil”, produzido pela Embrapa Algodão (Campina Grande, PB) alerta que grande parte das informações divulgadas sobre a cultura, principalmente na internet, provém de fontes pouco confiáveis, onde as vantagens da planta são exaltadas, mas suas limitações omitidas. “Nas poucas lavouras que existem no país e nas oportunidades que tivemos de visitar outros países, além de não haver conhecimento técnico em nenhum lugar (nem na Índia), observamos o contrário do que é divulgado na imprensa e na internet, ou seja, a cultura tem baixa produtividade (entre 1.500 e 2.500 kg/ha); alto custo de produção; é exigente em fertilidade do solo para ter boa produção. Além disso, é muito atacada por diversas pragas e doenças, algumas delas de difícil controle como ácaro branco e bacterioses”, salienta o pesquisador da Embrapa Algodão, Liv Soares Severino, um dos 13 autores do folder. Eles concluem que no Brasil ainda não é possível plantar pinhão manso de forma racional, recomendando aos produtores rurais que não plantem grandes áreas com a planta devido ao alto risco de insucesso. Severino esteve na Índia, cuja viagem derivou no documento das séries Embrapa “Viagem à Índia para prospecção de tecnologias sobre mamona e pinhão manso (2006), escrito em parceria com mais três pesquisadores, e que serviu de referência para a produção do folder técnico sobre o pinhão manso.

O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, João Flávio Veloso, também um dos autores do folder, destaca que a Embrapa está estudando pinhão manso em vários estados brasileiros. “O projeto Fontes alternativas potenciais de matérias-primas para produção de agroenergia, inclui além do pinhão, a macaúba, o tucumã, o pequi, o babaçu, dentre outras”, informa ele. Neste sentido, diversas Unidades de Pesquisa da Embrapa, instituições de pesquisa e universidades do Brasil, contando também com a parceria de outros países e dos agricultores que já estão plantando algumas áreas, estão trabalhando no desenvolvimento de tecnologia para o pinhão. Dentre estas tecnologias destacam-se a criação de bancos de germoplasma, experimentos a campo em diferentes regiões e condições climáticas do país, estudos em casa-de-vegetação e em laboratório. Porém, os pesquisadores salientam, por se tratar de uma planta perene, que só estabelece a produção após o quarto ano, estima-se que serão necessários vários anos para que se disponha de informações mais seguras sobre a cultura.

Para Alfredo Luiz, que estará representando a Embrapa no seminário, há outras alternativas para a produção de oleaginosas dentro do Programa Brasileiro de Biodiesel. “Existem culturas com disponibilidade de sementes, produtos fitossanitários registrados e mercado consolidado, como o girassol, a canola, a mamona, o amendoim, entre outras, para o Estado de São Paulo”. Para a região Norte, ele salienta que há uma planta perene, o dendê, que também já tem um sistema de produção bem definido. “Esta cultura está sendo testada na região Sudeste para avaliar sua adaptação”, informa.

Outro ponto a destacar, de acordo com Luiz, é que culturas que podem ser utilizadas como alimento dão maior flexibilidade ao produtor. “Se o mercado para biocombustível não se mostrar satisfatório, o agricultor poderá comercializar seu produto nos mercados tradicionais. No caso do pinhão manso, ele não tem utilidade alimentícia”, salienta.

Mais informações sobre o folder, pesquisas da Embrapa com pinhão manso e contatos com os pesquisadores citados nesta matéria pelos e-mails: Liv Soares Severino - sac@cnpa.embrapa.br; João Flávio Veloso - sac@cnpms.embrapa.br; Alfredo José Barreto Luiz - sac@cnpma.embrapa.br.

Serviço

A utilização do pinhão manso no Programa de Biodiesel

Data: 28/06 (quinta-feira)
Horário: 10 às 13 h
Local: Auditório Franco Montoro, na Assembléia Legislativa de São Paulo
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, 201 - Ibirapuera - São Paulo

Especialistas convidados:

Alfredo José Barreto Luiz (Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente)
Arnoldo Anacleto de Campos (Coordenação Geral de Agregação de Valor e Renda/ MDA)
João de Almeida Sampaio Filho (Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo)
Gustavo Ungaro (Diretor Executivo da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo)
Raimundo Pires Silva (Superintendente do Incra no Estado de São Paulo)
Mozart Schmitt de Queiroz (Gerente Executivo da Diretoria de Desenvolvimento Energético da Petrobras)
José Rainha (Federação dos Assentados e Pequenos Agricultores do Oeste Paulista e Pontal do Paranapanema)
Sérgio Black (Gerente de Mercado - Agro-Negócio do Banco do Brasil)
Karin Brüning (Diretora Superintendente da Ciatec Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas)
Luiz Carlos Rocha Gaspar (Presidente da Ciatec - Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas e Trade Point)

Eliana Lima
Jornalista, MTb 22.047
Embrapa Meio Ambiente