Estudante da Embrapa Meio Ambiente ganha Prêmio Jovem Cientista | |||
8.3.2007
“A Embrapa colocou a minha disposição todo o apoio que uma empresa de seu porte poderia fornecer, disponibilizando o local da pesquisa, materiais de laboratório, auxílio técnico qualificado, viagens, com um sólido suporte para a realização do trabalho”, conta. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por sua vez, forneceu a bolsa de iniciação científica. O estudante acredita que a técnica utilizada nesse trabalho se apresentou bastante eficiente, ou seja, com baixo investimento, curto espaço de tempo de análise e grande precisão. “Ela pode perfeitamente ser utilizada por órgãos públicos, instituições de ensino, ou mesmo empresas, como forma de alertar a sociedade sobre a presença de poluentes químicos na atmosfera, que provoca perda da qualidade de vida”, enfatiza. Sobre o trabalho O crescimento da urbanização e industrialização nas últimas décadas têm sido a causa primária do substancial aumento da poluição do ar das cidades. O impacto de vários poluentes atmosféricos sobre organismos vivos é um fenômeno que pode ser utilizado como bioindicador da intensidade de poluição. A avaliação da poluição química do ar, principalmente dióxido de carbono e dióxido de enxofre, mediante leveduras presentes nas folhas vem demonstrando a viabilidade desses organismos como bioindicadores da qualidade desse sistema. A bioindicação da qualidade do ar tem, também, sido promovida por meio de estudos com plantas, na medida em que alterações fisiológicas internas representam respostas da planta a estresses ambientais. Nesse contexto, compostos fenólicos de folhas de vegetais constituem parâmetros sensíveis e mensuráveis na presença de poluentes atmosféricos. O trabalho de Valarini avaliou a freqüência e a diversidade de espécies de leveduras de árvores desenvolvidas em zonas urbanas e industriais sujeitas ou não à poluição ambiental. Foram realizadas coletas de amostras de folhas de árvores, considerando as faces: norte (N), sul (S), leste (E) e oeste (W), das árvores pata-de-vaca, ipê e chapéu-de-sol nos municípios de Cubatão e Águas de São Pedro, SP, como representantes de regiões de poluição e não poluição, respectivamente. Para Águas de São Pedro, os resultados da análise revelaram efeitos significativos para espécies, sendo que as folhas de chapéu-de-sol e ipê foram as que apresentaram maior freqüência de leveduras. Em Cubatão, os resultados mostraram efeitos altamente significativos para o fator face, sendo que as faces norte e sul apresentam maior ocorrência de leveduras, sugerindo que a direção dos ventos ou a incidência do sol, associados à poluição possam exercer influência sobre a colonização do filoplano das árvores pelas leveduras. Os resultados da análise conjunta mostraram significativa redução na freqüência das leveduras em Cubatão, quando comparado com Águas de São Pedro, sendo observada também maior diversidade morfológica nos isolados desses fungos das folhas das árvores provenientes da zona urbana de Cubatão. Porém, a grande maioria das leveduras encontradas nos dois municípios estudados são da espécie Sporodobolomyces roseus. Portanto, os resultados mostram que as leveduras, especificamente da família Sporobolomycetae, e os teores de fenóis e taninos, podem ser utilizados como bioindicadores de poluição do ar para fins de monitoramento de sua qualidade, demonstrando assim, que a técnica, baseada na contagem de leveduras, é viável. Para o orientador do estudo, o equilíbrio da atmosfera tem sido nitidamente rompido, pela liberação de produtos químicos que provocam a acidificação de florestas, pela liberação de dióxido de ozônio, incluindo CFCs e halógenos e pela emissão de grande quantidade de dióxido de carbono, devido ao uso de combustíveis fósseis e a queima de florestas. “O ar é o mais precioso recurso natural”, acredita Melo. Para ele, o método é fácil e simples e pode ser adotado nas escolas secundárias, por adolescentes, despertando, assim, a curiosidade in vivo sobre a problemática ambiental. “Como essas leveduras são da cor rosa, fica fácil a sua visualização no laboratório”, enfatiza, “e com isso é possível inferir sobre as áreas urbanas que estão mais ou menos poluídas”. Sobre o prêmio Os nomes dos ganhadores da 22ª edição do Prêmio Jovem Cientista foram anunciados pelo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Erney Camargo, nesta terça-feira (6/3), em Brasília. O prêmio, que teve o tema “Gestão sustentável da biodiversidade: desafio do milênio”, recebeu este ano 1.751 inscrições de todo o país, sendo 268 na categoria Graduado, 128 na categoria Estudante do Ensino Superior e 1.355 na categoria Estudante do Ensino Médio. O Prêmio Jovem Cientista, considerado pela comunidade científica uma das mais importantes premiações do gênero na América Latina, foi criado pelo CNPq em 1981 com o objetivo de incentivar a pesquisa brasileira. Os temas escolhidos são sempre de interesse direto da população e buscam soluções para problemas encontrados no cotidiano. Cristina Tordin Jornalista, MTb 28.499 Embrapa Meio Ambiente |
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