Tecnologias econômicas e eficientes garantem a eliminação definitiva do brometo de metila da agricultura brasileira | |||
15.01.2007 Uma iniciativa inédita beneficiará a agricultura brasileira a partir de 2007. O brometo de metila - BM, utilizado em culturas de fumo e plantas ornamentais, entre outras, não poderá mais ser usado na desinfestação de solo ou substrato.
A iniciativa é da UNIDO (Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas). De acordo com Raquel, tudo começou em 2004, quando a UNIDO realizou um estudo sobre o consumo remanescente de brometo de metila no Brasil, por meio de consultoria realizada pela Embrapa. A partir disso, foi verificado que, após a eliminação na cultura do fumo, o cultivo de flores destacava-se como principal usuário do agroquímico. Com recursos de 2 milhões de dólares do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal e o objetivo de eliminar mais de 165 toneladas de BM utilizadas em flores e mais de 60 utilizadas em outros cultivos, como o morango, iniciou-se o projeto no Brasil. O cronograma do Programa Nacional de Eliminação do Brometo de Metila - PNB estabeleceu as datas de 31/12/2004 para eliminação na cultura do fumo; 31/12/2006, para flores, hortaliças e formigas; e 31/12/2015, para tratamentos fitossanitários e quarentenários (Instrução Normativa Conjunta 01 – 2002/2003 do Mapa, Anvisa e Ibama). De acordo com Martinez, os equipamentos, adquiridos por meio de licitações internacionais promovidas pela própria UNIDO, após análise dos termos de referência pelo governo brasileiro (Ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores), são capazes de tratar 100 m² de solo a cada 1 hora. Após dois dias, o solo está pronto para novo plantio. “Outro fator importante é a redução nos custos do tratamento, pois a mesma quantidade de solo tratado com este sistema de injeção de vapor custa 50% menos que o custo do tratamento com BM”, informa ele. Comparativamente também e de acordo com o Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal, “cada átomo de bromo do brometo de metila que alcança a estratosfera destrói 60 vezes mais ozônio do que os átomos de cloro dos CFCs (clorofluorcarbono). Daí a importância da erradicação da utilização deste gás na agricultura”, salienta o diretor. “Trata-se de uma iniciativa inédita na agricultura brasileira, que tem por finalidade beneficiar todo o planeta”, complementa Raquel. O Brasil aderiu ao Protocolo de Montreal em 1990 e, assim, se comprometeu a eliminar a utilização no país de produtos que destroem a camada de ozônio da Terra. “A seleção de métodos alternativos de tratamento desenvolvidos na região (coletores solares no Brasil e caldeiras/injetores de vapor na Argentina) facilita a aceitação por parte dos agricultores, garante o sucesso do projeto, além de valorizar a pesquisa científica desses países”, completa a pesquisadora. Brometo de metila (BM) O BM é um gás que age como inseticida e fumigante, muito utilizado na desinfestação de solo e substrato, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. Serve para evitar que pragas e doenças sejam disseminadas para outras cidades ou países, quando os produtos são exportados/importados, ou para "limpar" o solo para desenvolver o plantio. O produto mata os insetos, os patógenos (nematóides, fungos e bactérias), ervas daninhas e qualquer outro ser vivo presente no solo e na zona de penetração do gás, seja ele benéfico ou maléfico à agricultura. A fim de minimizar os danos causados à camada de ozônio, foi assinado em 1990 o Protocolo de Montreal, um tratado internacional para eliminação de substâncias nocivas a esta, como o BM. Na assinatura mais de 180 países se comprometeram a diminuir o uso destes produtos. O Brasil foi um dos países que aderiram ao tratado, assumindo o compromisso de reduzir em 20% o consumo (médio entre 1997 a 1998) até o ano de 2005 e erradicar o uso até 2015. Além dos equipamentos, os produtores receberão também na semana de 14 a 19 de janeiro capacitação sobre segurança na operação destas caldeiras, por meio de um técnico em manutenção e treinamento de manejo integrado com o acompanhamento de um agrônomo, com a finalidade de garantir o sucesso na substituição do método de tratamento de solo. O evento será na sede da Proflor, à Rua Eurico Souza Pereira, 142 – Bairro Alvinópolis em Atibaia, SP. Saiba mais sobre o coletor solar É um equipamento de funcionamento simples e construção barata, que tem por finalidade acabar com os fungos, bactérias e algumas plantas daninhas dos solos utilizados para o plantio de mudas produzidas em recipientes como sacos plásticos, vasos ou bandejas, principalmente em viveiros. O coletor solar, que tem as vantagens de ser totalmente seguro aos usuários e de não contaminar quimicamente os solos, desenvolvido por Raquel agradou os produtores que tiveram a oportunidade de ver os experimentos com o aparelho. Trata-se de uma caixa de madeira, com tubos metálicos, que podem ser de ferro galvanizado (calhas de residências) ou alumínio (tubos de irrigação) ou cobre, onde o solo é colocado e uma cobertura de plástico transparente, que permite a entrada dos raios solares. Segundo Raquel, o mecanismo de funcionamento é o mesmo de um aparelho de energia solar utilizado para aquecer água em residências. O sol bate nos tubos, aquece a terra e os fungos são eliminados pelo calor. "Normalmente, em um dia de sol, a temperatura dentro dos tubos chega a 70 graus, o que é suficiente para matar os fungos mais comuns como Scletorinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Verticillium e Rhizoctonia solani entre outros, pois são todos sensíveis ao calor. A Circular Técnica Coletor solar para desinfestação de substratos para produção de mudas sadias, de autoria de Raquel e editada pela Embrapa Meio Ambiente fala sobre os aspectos práticos do tratamento de solo usando a energia solar para o controle de doenças de plantas e aborda a utilização do coletor solar. A publicação impressa com 29 páginas encontra-se esgotada, porém esta mais sintética com 5 páginas pode ser encontrada para download gratuito no site da Embrapa Meio Ambiente. Solicite mais informações preenchendo o formulário. Eliana Lima Jornalista, MTb 22.047 Embrapa Meio Ambiente |
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