Embrapa


Uso do leite no controle do oídio

Produtor da Bahia usa leite para controlar o oídio desde 2005

19.3.2014

Cassiano Ricardo Mendes é produtor de abobora, feijão, milho e coentro em Barreiras, BA, sendo que somente de abobora Tetsukaboto cultiva mais de 100 ha/ano. Conforme o produtor, o problema que tinha de mais grave era o oídio e a virose. “A virose é variável, dependendo de clima e das lavouras vizinhas. Mas o oídio era frequente e de custo de controle químico elevado”.

“O uso do leite se intensificou a partir de 2005. Os resultados foram muito bons e não faço mais controle químico para isso. As primeiras notícias que tive foram de produtores de São Paulo, mas pela publicação da Embrapa Meio Ambiente é que consegui informações técnicas. O leite proporciona melhor desenvolvimento da cultura, que visivelmente se observa em poucos dias”, diz Mendes.
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Oídio em abóbora
Foto:Eliana Lima

Oídio
Os oídios são doenças causadas por fungos que crescem no tecido vivo das plantas de diversas espécies: abobrinha, pepino, pimentão, tomate, melancia, melão, uva, soja, feijão, eucalipto, caju, manga e muitas outras. A doença reduz o potencial produtivo das plantas atacadas e pode comprometer a qualidade do produto. A Embrapa desenvolveu um método alternativo de controle de oídio, que utiliza leite cru. Esta forma de controle pode ser utilizada com sucesso em qualquer modelo de agricultura, incluindo a produção de alimentos orgânicos.

O pesquisador Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), destaca que o leite possui três modos de ação: o primeiro deles é a formação de uma camada protetora na superfície das folhas, em que micro-organismos crescem e impedem os fungos nocivos de germinarem ou de penetrarem na planta. A outra forma está relacionada a sua propriedade antimicrobiana, inibindo o crescimento de diversos fungos estranhos ao leite; a terceira forma diz respeito à presença, em sua composição, de sais minerais que induzem às plantas a se tornarem resistentes ao patógeno.

A aplicação do leite deve ser feita de modo preventivo, em culturas que normalmente sofrem ataque de oídio, em pulverizações por toda a planta; ou uma vez por semana, diluído em água nas concentrações de 5% ou 10%, dependendo da gravidade da doença.

A mistura de leite com água está sendo utilizada em outros países, não só na agricultura convencional, como também na orgânica, com vantagens sobre a aplicação de fungicidas, uma vez que o leite não deixa resíduos nocivos à saúde humana ou ao meio ambiente.


Cristina Tordin (MTb28499)

Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Jornalistas
Embrapa Meio Ambiente